segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Entomologia Forense - Parte I



A Entomologia Forense é o estudo dos insectos, associados à decomposição de um cadáver humano com a finalidade de, para efeitos legais, se determinar a data de morte, e, se possível, deduzir as circunstâncias em que ocorreu a morte ou as que se seguiram depois desta. Esta ciência é utilizada com um tempo de morte superior a 3 dias, visto que em tempos inferiores, existem outros métodos forenses igualmente precisos. Porém, após três dias, as evidências fornecidas pelos insectos são frequentemente mais valiosas, e às vezes, o único método de se determinar o PMI (intervalo post mortem). É dos parâmetros que os médicos forenses mais dificuldade sentem em calcular e para que os insectos são fantásticos indicadores. A Entomologia também presta serviço em resolver questões como local e causa de morte, origem de substâncias ilícitas (em particular, cannabis) e maus tratos a crianças ou bebés.

Actualmente, esta actividade não só é reconhecida pela ciência, como tem sido empregada, sobretudo nos países desenvolvidos, como um importante recurso das ciências forenses.
Os primeiros relatos do uso da Entomologia Forense datam do Século XIII, na China, sendo esporadicamente usada no século XIX e no início do século XX. Em tempos mais recentes, a Entomologia Forense tomou novo fôlego e a sua aplicação é cada vez mais comum.


1. Intervalo post mortem (PMI)

Na medicina legal uma das questões mais críticas reside na questão "Quando é que a morte ocorreu?" A determinação do intervalo post mortem é, frequentemente dada por patologistas e antropólogos forenses e, raramente um entomólogo é consultado. Normalmente, nos métodos tradicionais, o PMI e a sua estimativa são inversamente proporcionais, isto é, quanto maior for o PMI, menor é a possibilidade de uma determinação exacta. Porém, com auxílio de conhecimentos entomológicos, quanto maior o intervalo mais segura é a estimativa.

2. Causa da morte

Drogas e tóxicos presentes nos corpos afetam a velocidade do desenvolvimento de insectos necrófagos. Cocaína, heroína, metanfetaminas, etc. têm mostrado efeitos no desenvolvimento das larvas e da decomposição, podendo indicar um caso de morte por ingestão de dose letal dessas. Pela voracidade das larvas, os fluidos do corpo e partes macias necessárias para as análises toxicológicas desaparecem, sendo então, necessário identificar esses medicamentos e substâncias tóxicas no corpo de larvas de insectos necrófagos que se alimentaram desses cadáveres contaminados.

3. Local da morte

Baseado na distribuição geográfica, habitat natural e biologia das espécies recolhidas na cena da morte, é possível determinar o local onde a morte ocorreu. Por exemplo, certas espécies de dípteros da família Calliphoridae são encontradas em centros urbanos. A associação dessas espécies em corpos encontrados em meio rural sugere que as vítimas foram mortas no meio urbano e levadas para o ponto onde foram encontradas. Da mesma forma, algumas moscas apresentam habitat específico, além de distinta preferência em realizar postura em ambientes internos ou externos, e até mesmo, em diferentes condições de sombra e luz.

4. Origem de Substâncias Ilícitas

Pode-se identificar a origem da Cannabis sativa, com base na identificação dos insectos que acompanham a droga, (presos durante a prensagem), sendo então possível traçar a rota de tráfico através da distribuição geográfica dos insectos.



5. Maus tratos

A ciência pode, ainda, ser utilizada em casos de maus tratos a crianças. É possível precisar o número de dias, durante os quais, o bebé ou criança foi privado de cuidados de higiene.

3 comentários:

tiago disse...

Gostei muito da materia...estou estudando um pouco sobre entomologia....

Brenda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo disse...

Acho a área legal mas ha serios problemas para serem resolvidos. Vejam a serie de discussoes iniciada em outro blog abaixo, onde pode-se inclusive baixar artigos:

http://cienciabrasil.blogspot.com/2011/07/um-recado-que-acabo-de-receber-de-um.html